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O prazer do açúcar não termina na boca

Perguntem aos ratos, eles sabem reconhecer um bom pedaço de açúcar sem o saborear e mudam o comportamento à espera de mais. Foi assim que Albino Maia e os seus colegas testaram a existência de um sensor que detecta o açúcar assim que ele é absorvido dos intestinos para o sangue, e faz com que o cérebro liberte uma hormona chamada dopamina, que está associada à recompensa e ao prazer. A descoberta foi publicada nesta quarta-feira na revista online Public Library of Science (PLoS), que disponibiliza os artigos livremente, e está obrigatoriamente ligada a um dos maiores problemas que afligem as sociedades do século XXI – a obesidade.

Em 2008 o investigador português publicou um artigo onde mostrava que ratos sem a sensação de sabor continuavam a mostrar uma reacção de recompensa quando ingeriam açúcar. Albino Maia tentou a seguir perceber como é que os ratos sentiam este açúcar. A investigação decorreu na Universidade de Duke, Estados Unidos.

Para isso a equipa fez experiências comportamentais. Colocou ratos numa caixa que tinha dos dois lados água pura para os mamíferos beberem. Depois os cientistas injectaram na corrente sanguínea dos ratos um composto com glicose – o nome da molécula do açúcar –, sempre que os ratos iam para um dos lados.

Isto fez com que eles passassem a preferir tendencialmente o lado onde iam receber o composto. Mas a equipa comparou o efeito do açúcar quando a injecção era na jugular e quando era na veia porta hepática – o vaso que recolhe o sangue que acabou de receber os nutrientes absorvidos no intestino.

“Verificámos que a injecção na veia porta hepática era mais eficaz a condicionar o comportamento do animal”, disse ao PÚBLICO por telefone Albino Maia, de 33 anos, médico e investigador, que trabalha agora no Instituto Champalimaud. Ou seja, os roedores sentiam este açúcar e voltavam à procura de mais.

De seguida, os investigadores foram comparar a produção de dopamina no cérebro, quando se injectava baixas concentrações de glicose na veia porta hepática e noutros pontos da circulação. “Com a concentração baixa de glicose tínhamos libertação de dopamina quando [a glicose era injectada] na veia porta hepática, mas não [quando era injectada] nos outros locais.”


Os cientistas perceberam que estavam “na presença de um sensor de glicose na veia porta hepática que enviava um sinal para a libertação de dopamina no cérebro”, explicou o cientista. “Todas as nossas células têm alguma capacidade de sentir a glicose, porque a glicose é a moeda de troca energética.” Tudo o que se passa nas células necessita de energia e o açúcar é o combustível que produz esta energia.

Por isso, será muito importante haver uma detecção precoce da entrada desta fonte de energia no corpo e “quando estamos a fazer uma refeição, e ingerimos açúcar, a veia hepática é a porta de entrada para o organismo”, disse. “É aquilo que vai permitir uma detecção mais precoce.” É possível que isto provoque uma segunda sensação de prazer associada ao açúcar, defendeu o cientista, explicando que ainda não se percebeu muito bem o efeito da dopamina no corpo.

Os adoçantes não enganam
Um dos resultados mais curiosos deste trabalho, mostra que apesar de os adoçantes serem “aprovados” pela boca, ou seja, o paladar detecta estes “doces”, o sensor na veia porta hepática não os reconhece. “Faz sentido que o organismo tenha alguma forma de detectar a disponibilidade de energia”, explicou o investigador e estes adoçantes não são a energia que o corpo está à procura.
“Do ponto de vista médico, a utilização de adoçantes é algo que não é eficaz quando se está a delinear uma dieta”, sublinhou o especialista. Aliás, Albino Maia defende que esta descoberta pode acrescentar uma peça ao puzzle médico que provoca a obesidade. “Pode ajudar a compreender algumas das bases que estão subjacentes ao nosso comportamento alimentar”, diz o cientista. Até porque se sabe que as pessoas com obesidade têm um sistema de produção de dopamina alterado, lembra o cientista.
Qual é o próximo passo? “Perceber como é que isto se processa em humanos e qual é a importância em termos fisiopatológicos.”

www.publico.pt/Ciências/o-prazer-do-acucar-nao-termina-na-boca-1514213

 

Crianças comem pizas e bebem refrigerantes quatro vezes por semana

Mais de 90% das crianças portuguesas comem pizas ou batatas fritas de pacote e bebem refrigerantes pelo menos quatro vezes por semana e apenas 0,1% consome água diariamente.

 
 

Os dados resultam de um inquérito feito a mais de três mil pais de crianças do primeiro ciclo, que foram apresentados pela nutricionista Ana Rito, esta quinta-feira, na Conferência Internacional sobre Obesidade Infantil, que decorre em Oeiras.

Segundo as respostas dos pais, 96% das crianças bebem refrigerante pelo menos quatro vezes numa semana e 94% comem batata frita de pacote, pipocas ou aperitivos salgados com a mesma periodicidade.

Pizas, hambúrgueres ou salsichas são consumidos por 93% quatro vezes em cada sete dias, o mesmo acontecendo com rebuçados, gomas ou chocolates em 88% dos meninos.

"Os alimentos que foram consumidos frequentemente correspondiam na sua maioria aos alimentos de reduzida densidade nutricional", refere o estudo, concluído em 2010, que analisou os hábitos alimentares e os níveis de obesidade nas crianças portuguesas.

Menos de 1% bebe água todos os dias

Já nos alimentos ou bebidas considerados saudáveis, verifica-se um baixo consumo. Menos de 1% das crianças bebe água todo os dias, 2% come fruta fresca diariamente e só 3,5% introduz hortícolas nas refeições diárias.

Ainda segundo o inquérito realizado aos pais, mais de 60% das crianças nunca come fruta fresca.

Portugal e Itália com peso a mais

Um terço das crianças portuguesas tem excesso de peso e Portugal é um dos países da Europa com piores indicadores na obesidade infantil, segundo um estudo apresentado nesta conferência.

A análise foi feita em 13 países europeus e Portugal é um dos países com maior prevalência de peso a mais em crianças, com a Itália a surgir em primeiro lugar.

"Temos 14% de crianças com obesidade e 32% com excesso de peso", afirmou à agência Lusa a nutricionista Ana Rito.

Um índice de massa corporal a partir do percentil 85 é considerado excesso de peso e acima de 95 é considerado obesidade.

https://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1900347&page=-1